Lembrai, lembrai, o cinco de novembro
A pólvora, a traição e o ardil...
por isso não vejo porque esquecer uma traição de pólvora tão vil!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
Gilmar mendes: OAB é um dos braços do PT....
O ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, fez duras críticas ao PT em
meio à sua apreciação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn)
4650, de autoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,
que trata do financiamento privado por empresas para campanhas
eleitorais. Ele deu o segundo voto contrário à ADIn da OAB. Parte de seu
argumento foi o suposto uso político do STF numa questão política na
ação da OAB, o que a entidade rejeita.
TSE
Minsitro do STF Gilmar Mendes associa ação da OAB ao PT
Com voto pendente desde abril do ano passado após
pedir vistas do processo, Mendes afirmou, nesta quarta-feira (16), ao
longo das mais de quatro horas e meia de duração da leitura de seu voto
que o objetivo do esquema petista seria asfixiar a oposição. Para ele,
“se formos rigorosos, daqui a pouco o mensalão terá de ser julgado em
juizado de pequenas causas”.
Com o voto de Mendes, o placar passa a
ser de seis em favor da ação da OAB (Luiz Fux – relator do caso –, Luís
Roberto Barroso, Dias Toffoli, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello e
Ricardo Lewandowski) e dois contra (Teori Zavascki e Gilmar Mendes).
Ministros podem rever votos, mas essa possibilidade não é tão comum. Por
isso, a votação continua aberta e deverá ser concluída nesta
quinta-feira.
“O ministro Celso de Mello, do alto de seus 44 anos
de serviços relevantes prestados ao País, qualificou o esquema como a
grande vergonha da nossa história política, na ação penal 470. Hoje
vemos o quão modesto foi o mensalão: orçado em R$ 170 milhões, não
corresponde sequer a esse valor, essa nova moeda chamada de Barusco
(referência ao ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco), que
não era para finalidade partidária, era para apropriação”, discursou o
ministro.
O argumento central de Mendes foi defender a tese de que
o PT, no poder, teria criado um esquema de auto financiamento por meio
de desvios em estatais que permitisse ao partido não depender de doações
eleitorais. “Doações privadas são elemento de reequilíbrio do processo
eleitoral. O partido (PT) já se locupletou ao limite e aí quer proibir a
doação para outros partidos, desequiparando por completo o processo
eleitoral. E vamos chancelar isso?”, questionou ele durante a leitura de
seu voto.
Por mais de uma vez, Mendes disse que seu
pedido de vistas foi benéfico para a apreciação da ADIn porque deu a
chance para que o esquema de corrupção da Lava Jato fosse revelado. Ele
ironizou as críticas de que foi alvo por ter demorado mais de um ano
para liberar o pedido de vistas para retomar a votação da ação.
Assista à entrevista do ministro abaixo:
“O
Brasil é um país surpreendente. Entre a concepção desta ação e o início
do julgamento houve muitas mudanças, inclusive no cenário político.
Entre o início do julgamento e a data de hoje, mudanças radicais. Eu me
regozijo pelo fato de ter pedido vistas, porque hoje sabemos muito mais
do que ontem”, declarou ele.
“Basta ver as revelações que vêm pela
mídia dessa Operação Lava Jato, que dá a dimensão da corrupção do
aparato estatal brasileiro. Isso tem parte a ver só com o financiamento
do sistema político eleitoral. Na verdade, tudo está a indicar um modo
de governança em relação a só uma empresa, a Petrobras. As revelações
são chocantes quando se diz que 3% deveria ser vertido para o partido
político permanentemente de cada contrato da Petrobras. Isso nada tem a
ver com campanha eleitoral, tem a ver com o sistema político, em geral,
com o modo de administrar."
Segundo Mendes, o escândalo da Lava Jato “se afigura
como um verdadeiro método de governo”. “Cuidava-se de um método
criminoso de governança, que visava a perpetuação de um partido no poder
por meio, e aí é relevante a discussão sobre esta ação, do asfixiamento
da oposição. Esta é a questão-chave neste debate, e que não veio à tona
até então", prosseguiu.
“Se pudéssemos dizer, e não
tivesse havido o episódio da Lava Jato, que o financiamento agora só
poderia ser público, ou só de pessoas físicas, estaríamos decretando a
falência de qualquer sistema de oposição. Por quê? Porque o partido da
situação não precisa de dinheiro."
Para Mendes, o
esquema de desvio da Lava Jato proporcionaria ao PT uma posição
financeira que o tornaria auto suficiente nas disputas eleitorais – daí
derivaria a defesa que o PT faz historicamente do financiamento 100%
público de campanhas.
Clima tenso
Mendes
abandonou a sessão antes do seu término depois que o secretário-geral da
OAB, Claudio Pereira de Souza Neto, pediu a palavra. Mendes argumentou
que a fala do representante da OAB não faria sentido por não se tratar
de uma questão de fato. Ricardo Lewandowski, presidente do STF insistiu
para que Souza Neto falasse.
“Vamos garantir a palavra ao
advogado. Vossa Excelência falou por quase cinco horas”, disse o
presidente. “Só que eu sou ministro da Corte e o advogado é advogado”,
rebateu Mendes, que ficou contrariado quando Lewandowski acabou impondo
sua autoridade de presidente para permitir a fala do representante da
OAB. “Vossa Excelência pode permitir que ele fale por 10 horas, mas eu
não fico”, protestou Mendes, que em seguida deixou o Plenário.
O
secretário-geral da OAB procurou dissociar a ADIn da entidade com o PT.
“Queria enfatizar que a ADIn foi proposta há cinco anos. O subscritor da
ADIn foi o (ex-)presidente Ophir Cavalcante. Todos que acompanharam o
debate público naquela época sabem (que ele é) um crítico ferrenho do
governo Lula, um crítico ferrenho do governo Dilma e um crítico ferrenho
do PT. Não há nenhuma vinculação quanto a isso”, disse o representante
da OAB.
“É uma falácia. A ação não é do presidente da OAB. A ação é
do conselho federal da OAB. Portanto, a posição do presidente não tem
relevância decisiva na matéria. Agora, é notório que a ação corresponde
ao que o PT queria”, declarou Mendes ao deixar o Plenário do STF.
Collor de Melo
Mendes
também citou o relatório da CPI que investigou o esquema de Paulo Cesar
Farias durante o processo de impeachment do ex-presidente Fernando
Collor de Melo, em 1992 – cuja queda se deu em grande parte devido a
dinheiro de financiamento de campanha.
Para ele, boa parte do que
foi constatado naquela época continua a ocorrer agora, evidenciando a
falta de evolução do País no combate a desvios e caixa dois.
“Certamente, com maior sofisticação e capilaridade conforme, nos revela
dia após dia a operação Lava Jato”, resumiu ele. “Ao discorrer sobre as
relações escusas que se estabeleceram entre grandes empresas e parte do
poder político, o relatório da CPI já mencionava as obras superfaturadas
entre outros fenômenos que voltam a ser escancarados atualmente por
esta chamada Operação Lava Jato”.
“O que se sugere por meio desta
ação é que o escândalo mais recente estaria a recomendar o retorno ao
modelo do escândalo anterior. É isso que estamos fazendo com essa
decisão. Estamos dizendo que é bom o modelo que balizou a eleição do
Collor, que resultou naquilo que nós sabemos. Não bastasse o equívoco de
trocar o fracasso atual pelo fracasso pretérito, o que se percebe é que
a própria mudança parece parte do processo de perpetuação no poder, não
mediante gestões eficientes, mas por meio do desequilíbrio da
concorrência eleitoral”, afirmou o ministro em seu voto.
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