O artigo abaixo foi escrito pelo saudoso Prof. Nelson Lehmann da Silva, pioneiro na luta contra a doutrinação ideológica nas escolas, grande incentivador do EscolasemPartido.org.
* * *
Educação x Doutrinação
Como “Cara Pintada” sai ele pelas ruas em demonstrações típicas de oposição. Repete slogans colhidos na mídia, insultando alguma autoridade, quase sempre manipulado por militantes partidários profissionais. A escola e seus professores “fizeram sua cabeça”, incutindo-lhes certas doutrinas
carregadas de imprecisas emoções. A escola pública brasileira, mas
também as caras escolas particulares da elite, sãousinas onde se formam
mentes simplórias e confusasmas agudamente hostísao Capitalismo e aos
Estados Unidos da América.
Sabidamente, todos os sistemas totalitários dedicam
especial atenção à formação da juventude. E doutrinam , sob pretexto de
ensinar. Impõem uma “verdade”coerente com o poder vigente ou a ser implantado.
No Brasil, hoje, as noções transmitidas de política e
cidadania estão flagrantemente contaminadas de conceitos marxistas,
particularmente no ensino de nível médio. O que se ensina nas aulas de
História, Sociologia, Geografia, e mesmo em Literatura ou Filosofia, não
passa de doutrinação.
Na maioria dos Estados, a rede pública de ensino está
sob controle de docentes sindicalistas, militantes partidários.Os textos
escolares, quase sem exceção, empregam o vocabulário marxista, mesmo o
mais ortodoxo, como “consciência de classe”, “luta de classes”, “modos
de produção”, “exploração internacional”, “imperialismo americano” e a
rotineira demonização do Capitalismo.
O aluno que chega à Universidade vem viciado nos esquemas mentais apreendidos de seus mal-formados mestres de Ciências Humanas.
No nível superior vão deparar-se igualmente
comprofessoresassumida ou sutilmente tendenciosos à esquerda.Ali já
teriam critérios próprios que os poderiam imunizar, na melhor das
hipóteses. O mal porém já está feito, desde a adolescência, desde a
formação de suas opiniões.
Hoje, o “politicamente correto” proíbe a menor menção
vexatória a religiões, culturas, raças, opções sexuais. Mas não se
observa o menor escrúpulo emridicularizar lideranças políticas e autores
que não rezemsegundo a cartilha esquerdizante. Os métodos de
constrangimento vão do sorriso condescendente à perda de pontos por
respostaideologicamente discordante da do respectivo professor. No
discurso se propaga a intenção de “formar o cidadão crítico”; na verdade
a crítica já é dada pronta, pré-fabricada.
Concursos e admissão de professores dependem de
critérios inquestionavelmente políticos. Exemplos mais flagrantes disso
foram observados no Estado do Rio Grande do Sul e no Distrito Federal,
onde a máquina burocrática tem sido dominada há décadas por partidos de
esquerda. Os textos escolares comprovam o implícito ou explícito
marxismo. Diferentes
dos tradicionais manuais de História, de autores
conhecidamente eruditos, os atuais textos didáticos são produzidos em
autoria coletiva, portando mínima ou nenhuma titulação. A indústriado
livro escolar, seja dito de passagem, de consumo obrigatório e em grande
escala, será um dos melhores negócios nas atuais circunstâncias.
Parcialidades e Distorções
A ideologiamarxista é hoje tão difusa, tão generalizada e
consensual em nosso meioeducacional, que passa despercebida como sendo
apenas uma determinada interpretação da realidade. Tornou-se “A”
ciência. Os próprios vocábulos empregados já vêm impregnados de sentido
ideológico, começando com a palavra CAPITALISMO, com sua conotação
imediatamente negativa. Algumas das teses mais correntes e tidas como
inquestionáveis poderão ser assim exemplificadas :
- IGREJA: a imagem projetada da Igreja é
predominantemente a de uma instituição implicada com o poder, retrógrada
e manipuladora de consciências.
- COLONIZAÇÃO: a colonização européia da América, África
e Ásiaé retratada exclusivamente em termos negativos, como imposição
cultural e exploração econômica.
- ESTADOS UNIDOS: o extraordinário fenômeno do
surgimento desta potência hegemônica fica sem maiores explicações, a não
ser em termos predominantemente condenatórios.
- CUBA: uma revolução enfocada com simpatia e louvor sem qualquer ressalva.
- COMUNISMO: o
fracasso da experiência comunista e o desmoronamento do Império
Soviético vêm obrigatoriamente descrito, mas sem uma análise crítica de
suas causas.
- CAPITALISMO: sinônimo de perversão e obstáculo a uma civilização harmônica e pacífica.
As teses acima podem ser facilmente encontradas na
grande maioria dos textos escolares hoje adotados, tanto na rede pública
quanto na rede privada. Assim também nosVestibulares – provas de admissão ao nível universitário – que apresentam questões em que tais ensinamentos são pressupostos.
Não se trata, de nossa parte, de negar aspectos
negativos daquelas instituições e episódios. Mas sim apontar a
parcialidade e tendenciosidade dos enfoques. Não se levantam os prós e contras de situações históricas, praticando-se meramente denúncias a bodes expiatórios já de antemão escolhidos. Não se apresentam problemas como problemas, o que seria a finalidade da verdadeira educação.
A coloração marxista de nosso ensino hoje está
infiltrada em todas as disciplinas. Em recente prova de matemática, de
escola religiosa particular em Brasilia, a tarefa envolvia o cálculo de
crianças mortas de inanição, por hora, no mundo. Nas entrelinhas uma
condenação ao sistema capitalista.Mas as matérias diretamente propícias a doutrinação
têm sido tradicionalmente as chamadas Humanas: História e eventualmente
Sociologia. Mas a chamada Nova Geografia e a recentemente introduzida
Filosofia, revelam-se surpreendentemente apropriadas aos propagadores do
socialismo.
Sob influencia do professor Milton Santos, o papa da
nova geografia, esta ciência extravasou para o terreno de uma pretensa
economia, onde se discute ainda em termos de “economias periféricas
dependentes” eos lucros do capital às custas da destruição do
meio-ambiente . O fenômeno da Globalização será tratado como óbvio ardil
do capital multinacional.
Já uma iniciaçãoà Filosofia poderia ser saudada como
valiosa para a formação do jovemestudante. A questão é definir qual
Filosofia? Ou o que entendem por filosofia? E a ser monitorada por quem ?
Trata-se de uma poderosa arma, para o bem ou para o mal, da mais alta
responsabilidade. E assim sendo, melhornenhuma do que uma tendenciosa
ideologia travestida de Filosofia.
Que a visão marxista seja ensinada, sim, mas como visão
marxista, e não como “A” Filosofia. Os manuais disponíveis nesta área
são nitidamente calcados no vocabulário e no método marxista,
destacando-seos da conhecida militante marxista Marilena Chauí.
Uma leitura direta de Aristóteles, acessível mesmo a não
iniciados, poderia ser a melhor solução, enquanto não se encontre um
texto isento.
Diretrizes Governamentais
O Ministério da Educação – órgão federal que centraliza o
sistema educacional brasileiro – tem voltado sua atenção para o
problema do livro didático nestes últimos anos.
Diante da profusão de manuais escolares que a cada ano élançada no mercado, denotando uma indústria que não conhece crise, o MEC arrogou
a si a tarefa de avaliar seus métodos e conteúdos. Nomeou para isso
comissões de professores, sem que se saiba sob quais critérios. Tais
comissões produzem – já em segunda edição – GUIAS DE LIVROS DIDÁTICOS,
com o fim de orientar mestres e escolas nas diferentes disciplinas.
Classificam assim os textos como recomendáveis, recomendáveis com
ressalvas e não recomendáveis.
Critérios foram previamente estabelecidos para guiar
tais avaliações. Além dos critérios gerais, cada comissão define os
específicos para sua área. Todos enfatizam o objetivo de “formar
cidadãos críticos e responsáveis”, e expressam condenação a preconceitos
ou juízos de valor quanto a culturas, religiões, raças, costumes, etc.
Curiosamente, entre tais preconceitos, não se menciona o político-ideológico. É vedada toda
discriminação cultural, raciale de gênero, mas nunca se explicita a
discriminação partidária. No GUIA DO LIVRO DIDÁTICOpara a 6a. 7a. e 8a. série, de 2000 – 2001, à página 460, encontramos a absurdidade que abaixo reproduzimos:
“ Nenhum
livro poderá ser considerado bom ou ruim por sua declarada ou implícita
opção, por exemplo, pelo idealismo, pelo marxismo, pelo tradicionalismo
social, ou por qualquer
outra perspectiva ou forma de encarar a vida ou a sociedade. O que
caracteriza, de fato, um bom livro de História é sua coerência e
adequaçãometodológica.”
Teríamos assim aprovados bons livros nazistas, maoístas,
anarquistas, etc., desde que coerentes consigo mesmos. Critério talvez
aceitável para um nível superior, nunca para adolescentes de nível
médio. Na verdade, o que aqui se insinua, não passa de total permissão à
ideologia marxista.
A publicação do MEC elogia, por exemplo, o manual “Brasil, uma História em Construção”, de José R. Macedo e Mariley Oliveira, com a seguinte observação:
“É excelente, p. ex.,o texto que se encontra à página 9, onde se afirma que “não
existe apenas uma verdade única na História...toda verdade no fundo é
relativa,...Nem sempre o que é verdade para nós será o mesmo para pessoa
diferente de nós.”
Temos aqui exemplificado um explicito relativismo, ou negação da ciência e da ética, num manual de história paraadolescentes 1.
Educar para a Cidadania
Educar para a cidadania é também função da escola. Todas
as nações de alguma maneira o fazem. Nos Estados Unidos esta instrução
se dáem nível predominantemente técnico; o funcionamento da máquina
burocrática, governo, partidos, eleições, constituição, administrações
regionais, etc. Adisciplina da História transmitirá sentimentos
patrióticos, sem etnocentrismos ou xenofobias.
Na atual Alemanha estruturou-se um sistema digno de estudo, para eventual aproveitamento nosso. O
Poder Legislativo, coordenando todos os Partidos, mantém e financia
escritórios em todas as principais cidades, para informação e formação
política de todos os cidadãos, particularmente dos estudantes. É a
Central para Formação Política, (Bundeszentrale fuer Politischen Bildung). Esta
instituição pluripartidária publica livros, filmes e CDs, mapas e
estatísticas, e mais um boletim mensal. Além disso, oferece cursos e
palestras a classes de alunos ou outra categoria, sempre gratuitamente.
Questões de fundo são discutidas por diferentes autores. Uma admirável
instituição democrática. No Brasil estamos longe disso.
A tônica do que se ensina hoje em nossas escolas
consiste em explícitas ou veladas críticas e denúncias. É o fácil
maniqueísmo, em que se procura um culpado para nossas deficiências.
Quando se repete exaustivamente a
fórmulavencedores/vencidos, exploradores/explorados,
dominadores/dominados,se está reproduzindo o difuso mito do conflito
entre os bons e os maus. Fórmula fácil e confortável, pois nos exime de
responsabilidades. Acoplado a isso temos a implícita superstição de que uma
instância superior, chamada Estado, ou Governo, suprirá nossas
necessidades, nos protegerá e fará justiça. E será o culpado por tudo
que não for conforme nossas ilusões. Cacoetes culturais.
O que uma honesta formação para a cidadania deveria
propor, deveria ser muito mais positivo. Valorizar a responsabilidade
individual, estimular o espírito empreendedor, a inventividade, a
inovação, o assumir riscos, ter objetivos autônomos, providenciar o
próprio futuro. Saber confiar em si mesmo para assim construir uma
sociedade de confiança.
O jovem brasileiro recebe uma carga cultural que
menospreza a livre iniciativa. Persiste o ideal de ser um funcionário do
grande pai Estado, providencial e magnânimo. Aqui reside o obstáculo
que nos impede de finalmente decolar e nos tornarmos uma nação digna de
suas potencialidades.
Ao atacar a problemática pontual do ensino de nível
médio sei que a dificuldade é mais abrangente,implicada em todo um
ambiente cultural. Há uma histórica
influência da Igreja Católica, hostil ao individualismo empreendedor. Já
os professores são formados em Universidades onde a opinião reinante
sempre privilegiou o socialismo. Em grande parte desconhecem teorias
alternativas, que de antemão são descartadas. Mas tal ignorância não
justifica a intencional militância partidário-política, que faz da
escola um favorito campo de doutrinação, aproveitando-se do status de
autoridade do mestre diante do jovem sem opinião formada.
O que deveria ser feito
Ao apontar os vícios de nossa educação para a política,
nós, democratas liberais deveríamos também reconhecer nossa omissão. Até
o momento não temos algo alternativo a oferecer, pelo menos no que
concerne a textos escolares. Valeria a pena constituir uma comissão de
expertos para elaborar um manual básico que esclarecesse conceitos e
valores universais de política, de uma maneira pluralista, sem incorrer
também em dogmas doutrinários.
Nesse sentido, utilizando abordagens e conceitos chaves
elaborados pelamoderna Teoria Política, e sempre partindo de situações
experimentais concretas, teríamos tentativamente o seguinte modelo:
Conceitos chaves: Grupos, Organizações, Jogos e Ideais.Conceitos
destes derivados: Interesses, Lideranças e Normas, Cooperação e
Conflito, Mercado e Democracia. Exemplos ilustrativos seriam tirados da
família, do futebol, da banda, do clube, da paróquia, até chegar à ONU,
passando pela comunidade local e nacional. Estaria assim superado o
sistemático enfoque maniqueísta e puramente denunciatório ora vigente.
Uma síntese das noções a serem propostas seria assim formulável:“Para melhor satisfação de suas necessidades e obtenção de uma existência melhor, os homens se reúnem emgrupos com comuns interesses, estruturando-se em maior ou menor grau de organização.
Tais grupos se relacionam de maneira cooperativa, ou conflitiva,
objetivando atingir seus fins e modo mais ou menos racional. Objetivos
ou ideaisconstantes na história humana têm sido alcançar maior bem-estar, em condições de maior liberdade para todos, estabelecendo-se assim uma ordem harmônica, que permita aprosperidade, ou felicidade coletiva. A essa atividade humana da se o nome de Política.” 2
As pessoas devem ser livres e ter seu livre-arbitrio para tomar suas decisões, cabe ao professor apenas aquele que mostra os fatos e seus consequências, sem deixar o aluno se influenciar por sua propria opinião sobre os mesmos, a isto chamamos de transmissão de conhecimento.
As pessoas devem ser livres e ter seu livre-arbitrio para tomar suas decisões, cabe ao professor apenas aquele que mostra os fatos e seus consequências, sem deixar o aluno se influenciar por sua propria opinião sobre os mesmos, a isto chamamos de transmissão de conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário