segunda-feira, 13 de julho de 2015

Alemanha queria humilhar Grécia, e a França disse Não!!!!


Às 6 horas, a Grécia estava fora do euro.

"Desculpem, mas vocês não saem da sala de maneira nenhuma". Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, deu a ordem quando os chefes de Estado e de Governo já se preparavam para sair da maratona negocial da Cimeira Europeia e anunciar aos seus cidadãos o pior.
O mau ambiente já vinha da reunião dos ministros das Finanças durante o dia de sábado, conta o Financial Times, que, citando um dos participantes, indica que o encontro foi "muito duro, violento até". A certo ponto, Michel Sapin, responsável pela pasta das Finanças francesas, propôs aos homólogos que deitassem tudo para fora: o finlandês acusou a Grécia de não ser capaz de executar reformas em quase meio século. Com um Euclid Tsakalotos "estranhamente subjugado" - como indica o jornal - Wolfgang Schäuble gritou para o presidente do BCE "não sou um idiota". O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, decidiu então que a reunião continuaria no domingo.
Depois da fraca expectativa num acordo deixada pelos ministros reunidos no Eurogrupo, a ideia de ‘Grexit' estava consumada, com Angela Merkel e Alexis Tsipras a recusarem um entendimento. 
A história é contada pelo Financial Times. Às 6h00 de Bruxelas, após 14 horas de conversações e negociação entre os líderes europeus, a chanceler alemã e o primeiro-ministro grego consideraram-se num beco sem saída. Diz o jornal britânico que os dois líderes já se encaminhavam para a porta, quando Donald Tusk deu a ordem.
Numa metáfora escolar, lembrando as palavras de Christine Lagarde sobre a necessidade de ter adultos nas negociações, o antigo primeiro-ministro polaco portou-se como o professor que manda sentar os alunos. Antes, Tsipras já tinha ouvido um "sermão" (assim designa o FT) do homólogo esloveno, motivando o protesto do italiano Matteo Renzi.
O ponto de ruptura foi o fundo de 50 mil milhões que Atenas teria de criar como garantia de pagamento. Tsipras considerou a exigência de Merkel uma humilhação nacional que resultaria, para mais, na cedência de controlo de activos de valor próximo a um terço do PIB grego. O líder helénico pretendia um fundo de menor valor e direccionado ao reinvestimento no seu país.
Mais de uma hora a discutir mais de uma dezena de potenciais estruturas para o fundo, e com a mão conciliadora de François Hollande - que chamou Merkel e Tsipras ao gabinete de Tusk para uma conversa a quatro - o acordo chegou.
"Havia na Alemanha uma forte pressão para o ‘Grexit'. Recusei essa solução", disse depois Hollande, que apoiou o líder grego na questão da soberania. "Nada teria sido pior do que humilhar a Grécia. A Grécia não procurou caridade, mas solidariedade da zona euro". Foi também o francês que insistiu na remoção, do documento final, da referência à saída temporária da moeda única, pretensão do lado alemão.

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