O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, acusou Israel de "aterrorizar a região" com o bombardeio de Gaza e comparou uma parlamentar israelense a Hitler, em ataques que devem dificultar ainda mais as relações frágeis entre os dois países.
"Com desprezo pelas leis internacionais, Israel continua
a aterrorizar a região, e nenhum país além de nós pede para que eles
parem", disse Erdogan aos membros e seu partido AK em um discurso no
Parlamento na terça-feira.
"Nenhuma tirania é eterna, mais cedo ou mais tarde todos
os tiranos têm de pagar o preço. Essa tirania vai ter consequências",
acrescentou.
A Turquia já foi aliada estratégica mais próxima a
Israel na região, mas Erdogan tem sido cada vez mais severo em sua
crítica sobre o tratamento de Israel aos palestinos nos últimos anos.
A retórica agrada sua base eleitoral muçulmana sunita,
em grande parte conservadora, particularmente no momento em que ele faz
campanha para se tornar o primeiro presidente eleito diretamente da
Turquia em 10 de agosto.
Erdogan também criticou uma parlamentar
israelense, Ayelet Shaked, do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu
(Israel é Nosso Lar). "Uma mulher israelense disse que as mães
palestinas deveriam ser mortas também. E ela é membro do parlamento
israelense. Qual é a diferença entre esta mentalidade e a de Hitler"?,
indagou
Na semana passada, a mídia pró-palestinos acusou Shaked de incitação à violência depois que ela postou no Facebook um trecho do texto de um jornalista israelense dizendo que "mães dos mártires" também devem ser mortas, referindo-se às mães de homens-bomba palestinos.
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"Elas
deveriam seguir os passos de seus filhos. Não há nada mais justo do que
isso. Elas precisam ir , caso contrário, elas vão criar mais pequenas
víboras", afirmava o texto.
Na terça-feira, a porta-voz de Shaked confirmou a publicação, mas negou que ela estivesse incitando a violência.
As declarações de Erdogan devem complicar ainda mais as
relações entre os dois países, desde o incidente em 2010, quando
comandos israelenses invadiram o navio turco Mavi Marmara, que fazia
parte de uma frota de ajuda que desafiava o bloqueio naval do Estado
judeu na Faixa de Gaza. Dez pessoas foram mortas na ocasião.
Os esforços para reparar as relações têm se
intensificado nos últimos meses depois de o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, pedir desculpas pelo ataque e prometer
pagar uma indenização, como parte de uma reaproximação mediada pelos
Estados Unidos. No início deste ano, Erdogan sinalizou que os dois lados
estariam prestes a fazer um acordo.
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